Os caixões FEMA, são um tema do ideário das teorias da conspiração, mas em 1995, especificamente no Brasil, as teorias da conspiração se emaranhavam com a realidade e tínhamos uma alta taxa de assassinatos nas periferias de um Brasil devastado após o fracasso econômico do governo Collor, todos os caixões FEMA seriam insuficientes para todos os corpos abatidos pela miséria terceiro-mundista e pela guerra urbana travada entre justiceiros e criminosos nas periferias da grande metrópole de São Paulo. É exatamente com este recorte, que alguns jovens inconformados, escreviam suas poesias, seus fanzines e compunham suas músicas utilizando instrumentos de baixo custo, porém com uma carga ideológica e criativa de altíssima qualidade. Nos ano 80, os Dead Kennedys falavam sobre o fascismo do parlamento americano, a banda britânica CRASS abordava o anarquismo e formas de enfrentar o sisteqma capitalista, a banda brasileira Cólera entregava em suas letras e posturas um conteúdo pacifista, essas filosofias além de continuarem reverberando no mundo; também continuaram eclodindo pelas periferias de São Paulo e do Brasil; foi em meados de 1995 que nós tínhamos aqui, em São Paulo, em alguns dos bairros mais violentos da cidade, no abismo entre São Bento Velho e Jardim Comercial, uma banda com o mesmo sentimento dos Dead Kennedys, com a mesma crítica que a banda CRASS possuía e com a mesma energia da banda Cólera em seus clamores por um mundo melhor. Ferréz no vocal, Celson na Guitarra, BL no baixo e J.K.B na bateria viriam a se tornar a primeira formação da Fugitivos da Fema. O movimento punk já havia se consolidado nas periferias de São Paulo e do Brasil, muitos periféricos haviam adotado a filosofia do punk como ferramenta de expressão política e cultural, e no meio destas movimentações a Fugitivos da Fema deixou o seu primeiro registro, um ensaio gravado em uma tape, após isso a banda teve seu hiato por longos anos. A partir desta iniciativa, 25 anos depois, em 2020 após passar pela COVID, Ferréz decide revisitar a música punk, o atualmente escritor, ativista da literatura marginal e também músico, traz um novo registro atual, convidando músicos experientes como Lúcio Maia ( Ex-Nação Zumbi), Formigão ( Planet Hemp), Boka ( Ratos de Porão) com participação especial de Badauí ( CPM22) para trazer a Fugitivos da Fema novamente á tona e ao conhecimento daqueles que jamais imaginariam que o escritor esteve envolvido com movimentações na cena punk. A Fugitivos da Fema é um enfrentamento lírico e ideológico que combate com suas letras, o fascismo das igrejas neopentecostais e suas práticas exploratórias, além de uma crítica a extrema-direita brasileira e ao nazifacismo tupinquim. Estes relatos e enfrentamentos, foram as matérias-primas para gravar e lançar um novo compacto 7”EP entitulado “Eu vou cancelar minha fé”, lançado em parceria com o selo Unleashed Noise Records, com capa em gatefold e vinil na cor vermelha, um material com acabamento de extrema qualidade e disponível para apresentar a história desta banda para o mundo, para que não caísse no esquecimento. Divirtam-se e lutem!
A 1dasul foi fundada em 1º de Abril de 1999 e tem como idéia ser uma marca voltada para a periferia, sendo desenvolvida por talentos urbanos, criando assim uma identidade autêntica com essas partes da cidade. O nome vem da idéia de todos sermos 1, na mesma luta, no mesmo ideal, por isso somos todos 1 pela dignidade das periferias. A marca com o tempo se tornou uma resposta do Capão Redondo e outras áreas para toda violência que nele é creditada, fazendo os moradores terem orgulho de onde moram.